Na semana que antecede o início do temporada automobilística em Portugal, que tem como abertura o Rali Montelongo em Fafe, publicamos uma pequena entrevista com o piloto Pedro Silva. Desde já agradecemos a gentileza e disponibilidade mostrada pelo concorrente vimaranense, inscrito nesta prova que conta para os campeonatos Open, Regional Norte, Nordeste, Júnior e Clássicos. Aproveitamos também para desejar boa sorte para esta prova e esperamos que consiga um projecto que assegure a sua participação regular ao longo do ano.
Voz do Berço - O que o levou a ingressar no mundo dos ralis?
Pedro Silva - Os ralis são uma paixão que tenho desde muito novo, ao ponto de, com apenas três anos de idade, e tal como me contam os meus pais, acordar sozinho às sete da manhã, subir para uma cadeira na sala, e espreitar pela janela os carros do Rali de Portugal, que cumpriam pela EN206 o percurso de ligação desde a Póvoa de Varzim até aos troços de Fafe, passando mesmo à porta de minha casa.
Seguindo os ralis desde muito novo, fui sempre alimentando o sonho de um dia os poder viver do lado de dentro, o que felizmente aconteceu em 2002, em que me estreei no Rali Montelongo / Cidade de Fafe, com um Citroen Saxo alugado à equipa Solução Rallyes.
Voz do Berço - Qual o seu ídolo neste desporto e o seu carro favorito de sempre?
Pedro Silva - Não se pode dizer que tenha um único ídolo nos ralis, pois sempre admirei muitos pilotos e em diferentes “Eras”, sendo a lista bastante extensa. Porém, dividindo-a por "categorias", nos veículos de tracção traseira, saliento os nomes de Henri Toivonen, Ari Vatanen e António Rodrigues, nos veículos de tracção à frente, Jean Ragnotti e Armindo Araújo e nos veículos de tracção total, Colin McRae, Carlos Sainz e Juha Kankkunen.
Relativamente aos carros favoritos, e dividindo-os também por categorias, pois é-me impossível escolher apenas um, nos tracção traseira temos o Talbot Sunbeam Lotus e o Lancia Rallye 037, nos tracção à frente, o Renault Clio Williams e o Citroen Saxo Kit Car e nos tracção total, o Lancia Delta Integrale e o Toyota Celica GT4 ST165.
Voz do Berço - Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira (pela positiva e pela negativa)?
Pedro Silva - Pela positiva, a estreia nos ralis, pois nunca irei esquecer o momento em que olhava para o relógio da partida em contagem decrescente para arrancar para a minha primeira especial de classificação, que foi o troço de Bastelo, em Fafe. Também pela positiva, saliento a segunda passagem pelo troço de Ribeira do Neiva, na edição de 2006 do Rali de Vila Verde, em que consegui pela primeira vez vencer um troço à geral.
Pela negativa, a primeira desistência, que aconteceu no Rali de Celorico de Basto de 2004, na partida para o último troço da prova, Molares / Infesta e o Rali Montelongo / Cidade de Fafe 2005, em que estava a fazer uma prova excelente, conseguindo entrar na luta por um lugar no pódio com um carro inferior à concorrência, mas fiquei sem travões no final da primeira secção, sendo obrigado a baixar bastante o ritmo, terminando em nono da geral, a 0.4s do oitavo, que já dava direito a um ponto para o Campeonato…
Voz do Berço - Quais são os seus objectivos para este primeiro rali do ano?
Pedro Silva - O objectivo para este primeiro rali é andar o mais rápido possível, para dessa forma vingar todos os azares que tenho tido em Fafe, que é o meu rali preferido. Um bom resultado para nós seria terminar dentro do Top 5 entre os VSH de duas rodas motrizes, mas tudo iremos fazer para tentar chegar ao pódio nessa categoria em particular.
Voz do Berço - E para o resto da temporada? Tem algum projecto assegurado para realizar o Regional inteiro?
Pedro Silva - Ainda não está nada assegurado. Vivemos uma altura muito difícil em termos económicos e isso reflecte-se bastante no volume de apoios aos desportos motorizados, pelo que se torna bastante difícil por qualquer projecto em pé, o que apenas se consegue à custa de muito sacrifício pessoal.
A minha intenção este ano era fazer os Regionais Norte e Nordeste, mas é algo bastante difícil e dispendioso, pelo que será muito complicado de concretizar. Assim, em princípio iremos disputar as primeiras provas dos dois campeonatos e depois escolher apenas um deles para apostar mais a sério.
Outra das hipóteses que ainda temos em cima da mesa, é de disputar a recém-criada Taça Nacional de Ralis, pois será um campeonato extremamente mediático, terá provas mais extensas do que aquelas a que estamos habituados e existe ainda o aliciante de nos podermos comparar directamente com os concorrentes ao Campeonato de Portugal de Ralis, que é o topo dos Ralis Nacionais. Porém, temos o mesmo problema que teríamos em participar nos Regionais Norte e Nordeste, pois o custo de disputar esta Taça é semelhante ao de disputar esses dois campeonatos.
Voz do Berço - Tendo em conta os últimos anos, considerados pela maioria como negativos, que medidas acha que poderiam ser implementadas de forma a reavivar os ralis em Portugal?
Pedro Silva - A primeira medida penso que já foi tomada, com a criação da Taça de Portugal de Ralis, se bem que, infelizmente, foi dada a conhecer já muito tarde, pelo que acredito que este ano ainda não se irá tirar grandes dividendos da sua criação. Na minha opinião, esta deveria ser a categoria maior em termos de Ralis Nacionais.
Depois, teríamos uma estrutura de três Campeonatos Regionais – Norte, Centro e Sul - e um Nacional, disputados em regime Open e funcionando os quatro em conjunto.
Assim, teríamos em cada Regional um calendário composto por oito provas, com um máximo de seis resultados a considerar para a classificação final, e um Nacional que disputaria duas provas de cada um dos três Regionais em regime de rotatividade, perfazendo no total seis ralis, contando todos eles para a classificação final do Campeonato.
Finalmente, e de modo a acabar com as provas pirata, em que muitas vezes não há o mínimo de condições de segurança nem seguros de prova - que cada vez mais se vão multiplicando por esse país fora -, defendo que deveriam existir Troféus Regionais “low cost”, à imagem do Regional de Alenquer, cujo sucesso tem tanto de inquestionável como de consensual.
Voz do Berço - Se o Olivier Quesnel (Citroën), o David Richards (Prodrive-Mini) e o Malcolm Wilson (Ford) abrissem os olhos e entrassem em competição para o contratar, quem escolheria para concorrer no WRC?
Pedro Silva - Se eles abrissem os olhos, com certeza que não seria a mim que iriam contratar, pois há muita gente com mais talento do que eu para a condução. Neste momento, penso que o melhor que tinham a fazer era contratar o Armindo Araújo sem perder nem mais um minuto!
Porém, pressupondo-se que eu tinha talento suficiente para essas andanças e caso a oportunidade surgisse, não hesitaria em escolher a Citröen.
Pedro Silva - Os ralis são uma paixão que tenho desde muito novo, ao ponto de, com apenas três anos de idade, e tal como me contam os meus pais, acordar sozinho às sete da manhã, subir para uma cadeira na sala, e espreitar pela janela os carros do Rali de Portugal, que cumpriam pela EN206 o percurso de ligação desde a Póvoa de Varzim até aos troços de Fafe, passando mesmo à porta de minha casa.
Seguindo os ralis desde muito novo, fui sempre alimentando o sonho de um dia os poder viver do lado de dentro, o que felizmente aconteceu em 2002, em que me estreei no Rali Montelongo / Cidade de Fafe, com um Citroen Saxo alugado à equipa Solução Rallyes.
Voz do Berço - Qual o seu ídolo neste desporto e o seu carro favorito de sempre?
Pedro Silva - Não se pode dizer que tenha um único ídolo nos ralis, pois sempre admirei muitos pilotos e em diferentes “Eras”, sendo a lista bastante extensa. Porém, dividindo-a por "categorias", nos veículos de tracção traseira, saliento os nomes de Henri Toivonen, Ari Vatanen e António Rodrigues, nos veículos de tracção à frente, Jean Ragnotti e Armindo Araújo e nos veículos de tracção total, Colin McRae, Carlos Sainz e Juha Kankkunen.
Relativamente aos carros favoritos, e dividindo-os também por categorias, pois é-me impossível escolher apenas um, nos tracção traseira temos o Talbot Sunbeam Lotus e o Lancia Rallye 037, nos tracção à frente, o Renault Clio Williams e o Citroen Saxo Kit Car e nos tracção total, o Lancia Delta Integrale e o Toyota Celica GT4 ST165.
Voz do Berço - Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira (pela positiva e pela negativa)?
Pedro Silva - Pela positiva, a estreia nos ralis, pois nunca irei esquecer o momento em que olhava para o relógio da partida em contagem decrescente para arrancar para a minha primeira especial de classificação, que foi o troço de Bastelo, em Fafe. Também pela positiva, saliento a segunda passagem pelo troço de Ribeira do Neiva, na edição de 2006 do Rali de Vila Verde, em que consegui pela primeira vez vencer um troço à geral.
Pela negativa, a primeira desistência, que aconteceu no Rali de Celorico de Basto de 2004, na partida para o último troço da prova, Molares / Infesta e o Rali Montelongo / Cidade de Fafe 2005, em que estava a fazer uma prova excelente, conseguindo entrar na luta por um lugar no pódio com um carro inferior à concorrência, mas fiquei sem travões no final da primeira secção, sendo obrigado a baixar bastante o ritmo, terminando em nono da geral, a 0.4s do oitavo, que já dava direito a um ponto para o Campeonato…
Voz do Berço - Quais são os seus objectivos para este primeiro rali do ano?
Pedro Silva - O objectivo para este primeiro rali é andar o mais rápido possível, para dessa forma vingar todos os azares que tenho tido em Fafe, que é o meu rali preferido. Um bom resultado para nós seria terminar dentro do Top 5 entre os VSH de duas rodas motrizes, mas tudo iremos fazer para tentar chegar ao pódio nessa categoria em particular.
Voz do Berço - E para o resto da temporada? Tem algum projecto assegurado para realizar o Regional inteiro?
Pedro Silva - Ainda não está nada assegurado. Vivemos uma altura muito difícil em termos económicos e isso reflecte-se bastante no volume de apoios aos desportos motorizados, pelo que se torna bastante difícil por qualquer projecto em pé, o que apenas se consegue à custa de muito sacrifício pessoal.
A minha intenção este ano era fazer os Regionais Norte e Nordeste, mas é algo bastante difícil e dispendioso, pelo que será muito complicado de concretizar. Assim, em princípio iremos disputar as primeiras provas dos dois campeonatos e depois escolher apenas um deles para apostar mais a sério.
Outra das hipóteses que ainda temos em cima da mesa, é de disputar a recém-criada Taça Nacional de Ralis, pois será um campeonato extremamente mediático, terá provas mais extensas do que aquelas a que estamos habituados e existe ainda o aliciante de nos podermos comparar directamente com os concorrentes ao Campeonato de Portugal de Ralis, que é o topo dos Ralis Nacionais. Porém, temos o mesmo problema que teríamos em participar nos Regionais Norte e Nordeste, pois o custo de disputar esta Taça é semelhante ao de disputar esses dois campeonatos.
Voz do Berço - Tendo em conta os últimos anos, considerados pela maioria como negativos, que medidas acha que poderiam ser implementadas de forma a reavivar os ralis em Portugal?
Pedro Silva - A primeira medida penso que já foi tomada, com a criação da Taça de Portugal de Ralis, se bem que, infelizmente, foi dada a conhecer já muito tarde, pelo que acredito que este ano ainda não se irá tirar grandes dividendos da sua criação. Na minha opinião, esta deveria ser a categoria maior em termos de Ralis Nacionais.
Depois, teríamos uma estrutura de três Campeonatos Regionais – Norte, Centro e Sul - e um Nacional, disputados em regime Open e funcionando os quatro em conjunto.
Assim, teríamos em cada Regional um calendário composto por oito provas, com um máximo de seis resultados a considerar para a classificação final, e um Nacional que disputaria duas provas de cada um dos três Regionais em regime de rotatividade, perfazendo no total seis ralis, contando todos eles para a classificação final do Campeonato.
Finalmente, e de modo a acabar com as provas pirata, em que muitas vezes não há o mínimo de condições de segurança nem seguros de prova - que cada vez mais se vão multiplicando por esse país fora -, defendo que deveriam existir Troféus Regionais “low cost”, à imagem do Regional de Alenquer, cujo sucesso tem tanto de inquestionável como de consensual.
Voz do Berço - Se o Olivier Quesnel (Citroën), o David Richards (Prodrive-Mini) e o Malcolm Wilson (Ford) abrissem os olhos e entrassem em competição para o contratar, quem escolheria para concorrer no WRC?
Pedro Silva - Se eles abrissem os olhos, com certeza que não seria a mim que iriam contratar, pois há muita gente com mais talento do que eu para a condução. Neste momento, penso que o melhor que tinham a fazer era contratar o Armindo Araújo sem perder nem mais um minuto!
Porém, pressupondo-se que eu tinha talento suficiente para essas andanças e caso a oportunidade surgisse, não hesitaria em escolher a Citröen.
*Fotos Voz do Berço
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